23 outubro 2007

Iniciei-me no BTT

Para quem não sabe (aposto que serão todos os possíveis leitores), sou um recente praticante de BTT, ou para quem desconheça o termo, bicicleta Todo Terreno.

O facto de estar a morar longe das pessoas conhecidas, ter deixado de fumar, o corpo pedir actividade fisica e também a vontade de retomar um gosto antigo de descobrir e saborear a natureza, levaram-me a fazer uns sacrifícios e gastar um dinheiro a mais na compra de uma bicicleta com os requisitos minímos á modalidade.
Comprei então a minha "menina", uma Trek Fuel EX5 E, tendo sido um amor á primeira vista.
http://www.sunsetmtb.co.uk/images/shop/pfullsize_583_1162481763.jpg

Desde então decidi juntar-me aos passeios organizados pelo Clube BTT Lisboa (http://www.bttlisboa.net/) onde encontrei para além de um grupo de pessoas com o gosto pelo BTT e pela natureza em comum, um grande grupo de amigos.

Resta dizer que todos os domingos é dia de "missa"... com mais ou menos amigos, domingo é dia de fazermos uns km´s pela serra de Sintra ou outros destinos previamente organizados. Fica desde já feito o convite a quem queira participar num dos passeios organizados. Amizade, diversão e muito BTT do puro e duro são os ingredientes das voltas, que em média têm cerca de 35/40 km´s.

20 outubro 2007

«« Em nome do Amor puro »»

Vivo na Linha de Sintra há cerca de 6 anos.
Engraçado, parece que ainda me consigo ouvir dizer a mim próprio que nunca haveria de trabalhar e viver em Lisboa.
Cidade movimentada, cheia de stress e desconhecidos costumava eu dizer...
Para quem cresceu em Azeitão e passou a juventude em Setúbal, Lisboa parecia outro mundo. Aliás, na realidade é mesmo um outro mundo.
É uma cidade que não dorme, onde apenas costumava vir a noite com os amigos beber uns copos no Bairro alto ou Docas...
Mas acabei por ir contra todos esses meus "ideais" por um outro ideal... o viver o amor verdadeiro... agora trabalho em plena cidade de Lisboa e vivo na linha de Sintra... irónico não?
É sobre este assunto que escrevo.
Sempre que penso nestas questões do coração, há sempre uma opinião/crónica do Miguel Esteves Cardoso com a qual não podia estar mais de acordo e que salta logo á memória...
Para quem não conhece, aqui partilho esta sua crónica sobre o amor, publicada no livro "Último Volume".
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«« Em nome do Amor puro »»
Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa não é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que eu quero fazer é o elogio do amor puro. Parece que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Teixeira de Pascoaes meteu-se num navio para ir atrás de uma rapariga inglesa com quem nunca tinha falado. Estava apaixonado, foi para Liverpool. Quando finalmente conseguiu falar com ela, arrependeu-se. Quem é que hoje é capaz de se apaixonar assim? Hoje em dia as pessoas apaixonam-se por uma questão prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão mesmo ali ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato. Por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante sico-sócio-bio-ecológica da camaradagem. A paixão, que deveria ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas em vez de se apaixonarem de verdade, ficam praticamente apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há. Estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr o risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o medo, o desequilíbrio, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho" sentimental. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Por onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, fachada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassado ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa a beleza. É esse o perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor é para nos amar, para levar-nos de repente ao céu, a tempo de ainda apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma conveniência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um principio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para se perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita. Não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que se quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar. O amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder, não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.
Miguel Esteves Cardoso, último Volume, Assírio & Alvim Ed., 1996

O meu primeiro Blog

Confesso que nunca fui um leitor assíduo de blogs.
Ora por considerar que um blog é um refugio da maioria das pessoas e por não gostar de invadir a sua privacidade, mas nunca tive o hábito de acompanhar nenhum.
Bem sei que se não fossem para ser lidos, também não seriam criados, mas ás vezes todos necessitamos de desabafar e no final da escrita o sentimento de leveza é tão grande que devem ficar na esperança que ninguém leia...
Mas todas as pessoas têm o direito a errar e eu acho que andava errado na minha opinião sobre este assunto.
Um blog não é um refúgio, ou por outras palavras, é muito mais do que um refúgio.
É uma janela virada para o exterior onde podemos mostrar quem somos e o que fazemos.
Não que a minha vida seja algo de exuberante, digna de ficar nas memórias de futuras gerações, mas penso que poderá ter a sua cota de interesse.
Será também um bom exercício á mente e á persistência, para mais tarde recordar.
Ficarei feliz se com isto conseguir conseguir captar a atenção de alguém com quem partilhar as minhas estórias, caso contrário, ficarei feliz também.
Aqui começo a aventura do meu primeiro Blog.